Sacramentos

UMA DAS RIQUEZAS QUE JESUS CONFIOU À SUA IGREJA
O Sr. José , acompanhado de seus dois filhos mais velhos, saiu de casa. o dia estava lindo, e ele queria semear os primeiros grãos de trigo daquele ano. Ao cair da tarde, Vera apontou para o alto da montanha e perguntou: - Que é aquilo lá em cima? – É uma nuvem de fumaça, sabemos que existe fogo. A fumaça é sempre sinal de fogo. Vamos lá ver o que está acontecendo...
Em nossa vida temos muitos sinais que nos lembram ou mostram coisa. Por exemplo: um sorriso, um aperto de mão, um beijo, um abraço, um presente são sinais de amizade, sinais de amor.
Jesus usou muitos sinais para mostrar a sua amizade, o seu perdão, o seu amor aos homens mas apontou 7 sinais especiais, chamados Sacramentos.
Os Sacramentos são sinais de vida ou presentes que Jesus confiou à sua Igreja.
O autor dos Sacramentos é Jesus Cristo. Jesus dá estes presentes aos homens que aceitam recebê-los com o amor. Pelos Sacramentos, Jesus quer dar-nos mais vida! Ele mesmo disse:
“EU VIM PARA QUE TODOS TENHAM MAIS VIDA...”
(Jo 10,10).
Sim, Jesus quer o nosso crescimento na fé, na esperança e no amor a Deus e aos homens. Por isso mesmo, para cada momento importante de nossa vida, Jesus nos dá um sinal do seu amor, um Sacramento.
Os 7 Sacramentos são: Batismo, Confirmação, Penitência, Eucaristia, Unção dos Enfermos, Sacerdócio e Matrimônio.
APRESENTAÇÃO DA COMPREENSÃO DE SACRAMENTO:
abordagem dos elementos fundamentais da visão cristã
Vivemos num tempo de constantes conflitos, quebras de paradigmas e de valores estabelecidos na história. O cristianismo passa também por esta crise quando é abordado e questionado em seus pontos doutrinais, em suas práticas de evangelização, e no seu modo de atualizar ritos e conceitos morais, que de certa forma, estão sendo hoje esquecidos ou mal interpretados, tal é a situação do descrédito que tem passado os sacramentos na Igreja hoje. A sociedade atual está se acostumando com o mais fácil, com o mais prático, e o mais coerente com a mentalidade moderna...e às vezes deixamos de ser bíblicos, quando acreditamos ingenuamente que a nossa religião deve se adaptar á mentalidade do mundo hoje, esquecendo da exortação que o apóstolo Paulo faz aos romanos:
“Não vos conformeis com a mentalidade deste mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito” (Rm. 12, 2)
Para contextualizar melhor estas afirmações, eu tenho notado que se há um defeito que muito tem atrapalhado a nossa caminhada de fé e vida hoje, este é o mal da indiferença...da incompreensão de certas doutrinas... e do desânimo que muitos dos nossos fiéis católicos têm para com a vivência desta religião tão linda, pela falta de interesse em conhecer e experienciar uma vivência mais simbólica e verdadeira dos elementos basilares da fé cristã.
Percebemos que alguns dos nossos fiéis estão participando das nossas celebrações como meros ouvintes, como simples espectadores de uma reunião sem sentido, sem vida... Às vezes saem de lá do mesmo jeito que entraram, e quando não voltam pior para suas casas!... este é o sentimento que tenho quando vejo terminar uma celebração de um batizado, ou de um matrimônio entre conjugues que não assumiram a fé cristã... parece que há uma discrepância tremenda... entre a riqueza de vermos mais um membro do Corpo de Cristo sendo apresentado á comunidade de Fé, e a incerteza de que essa mesma família poderá jogar fora essa mesma graça, se não der continuidade no processo de educação e vivência da fé para esta mesma criança. E no caso do matrimônio, para o casal, se fizer daquele momento celebrativo, um mero rito de passagem de aceitação quase unânime e obrigatória na sociedade passada. Ainda bem que hoje em dia, as coisas estão e são diferentes.
Pior ainda são aqueles que estão mais próximos, que conhecem a Igreja, fazem a experiência de Deus, ouvem muitas pregações, recebem o Corpo e sangue do Senhor, são abençoados e ungidos para pregar, evangelizam e trazem pessoas para dentro do nosso convívio, mas que quando bate o primeiro terremoto, a primeira avalanche nas suas vidas, logo caem no caminho e desejam não mais voltar. Daí eu me pergunto, que eficácia evangelizadora e apostólica estamos tendo enquanto Igreja cristã, celebrarmos tantos Sacramentos, incentivarmos a formação e o crescimento numérico em nossa catequese paroquial, se estamos ainda gerando apenas adeptos de uma Igreja, e não discípulos verdadeiros do Senhor Jesus Cristo, como continuadores e co-responsáveis pelo rico e nobre patrimônio de fé cristã?
Por conta disso, eu tenho observado que a religiosidade pregada e vivida por muitas igrejas protestantes, e por uma parte do clero e dos leigos da Igreja católica, tem evidenciado por demais a experiência com o Deus da Bíblia; mas suas conseqüências só estão gerando prazer estético e sensação de domínio do sobrenatural.
E esta evangelização ou prática religiosa foge muito dos princípios basilares da experiência de Deus realizada pelos cristãos das primeiras comunidades de fé, que possuía dentre outros elementos a pertinência de:

- Gerar verdadeiros discípulos para a unidade, comunhão e missão da Igreja;
- Incentivar a implicância ética e religiosa na vivência cotidiana (como força sinérgica de propagação dos valores evangélicos experimentados em vida).
- Transformar a historia humana (com seus fracassos, lutas e conquistas ) em história de salvação , onde Deus se faz próximo da humanidade como um Deus que cria, salva e santifica por Amor;
Enquanto que a “religiosidade cristã” pós-moderna, absorvida pelo marketing de ponta e pelas técnicas de auto-ajuda e persuasão da neurolinguística, corre o risco de só gerar adeptos e admiradores de uma religião, mas não seguidores do Evangelho, quando prega um cristianismo barato e inerte sob três alicerces:

- Legitima o sucesso e o “lucro espiritual” para os convertidos;
- Tenta resgatar um conceito falso de nobreza da vida humana, quando nega a possibilidade do sofrimento para o crente no seu processo de santificação;
- Transforma falsamente a existência pecaminosa e decaída do convertido, quando afirma veementemente que sua salvação está garantida pela confissão da Fé;
Tenho observado e creio que o Evangelho não é produto ou grife, mas deveria ser entre nós uma notícia alvissareira e crítica do nosso tempo. Não podemos escravizá-lo ás regras do mercado. Nesta linha de pensamento, acredito que as concessões mágicas feitas pelas igrejas pentecostais protestantes ás massas desafortunadas, não constituem-se em meras concessões do poder e domínio sobre o sagrado, mas essas seguem cada vez mais uma dinâmica empresarial, ditada pela férrea lógica do mercado da fé, que pressiona os diferentes concorrentes religiosos a acirrarem seu ativismo e a tornarem mais eficazes suas ações e estratégias evangelísticas ás custas das palavras e obras de Jesus. Em outros termos, esse tipo de evangelização e prática religiosa ensina os fiéis a acreditarem possuir três porções mágicas de poder: pisar a cabeça do demônio, ficar rico e nunca mais ter doença alguma
Estas constatações são trágicas, mas reais! Então, depois dessa longa abordagem crítica que fiz sobre a experiência religiosa da pós-modernidade e sua implicância na evangelização cristã dos tempos de hoje, levanto a questão que está no cerne desta pesquisa:
Como abordarmos a importância vital dos sacramentos em nossa experiência de fé hoje, sem perdemos de vista a necessidade de integrar a dimensão da interioridade da pessoa humana (em sua ambiência comunitária e individual), e conservarmos criativamente os elementos basilares e nodais da fé cristã, vivida pelas primeiras comunidades apostólicas?
Precisamos resgatar o sentido do mistério presente no sacramento
A origem do símbolo,como diz a própria palavra, está num encontro de duas dimensões especificas e relacionais: de um lado, uma dimensão que transcende totalmente a capacidade da natureza humana (transcendência); do outro lado, a dimensão humana e intra-histórica com seus fracassos, limitações e conquistas reais (imanência). Portanto, na origem de qualquer símbolo não se encontra a reflexão sobre Deus, mas evidencia-se o momento do encontro com Deus, como uma experiência de mistério que foge aos parâmetros da racionalidade humana e desce ao campo afetivo, psíquico e simbólico.
Daí a necessidade de vivenciarmos os sacramentos como esses momentos de encontro de um Deus que se dá livremente por amor, e quer dar a participar do seu Ser ao humano, que pode acolher esta presença com gratuidade e liberdade plenas.
Creio que no bojo desta afirmação reside uma outra possibilidade de compreensão, para melhor trabalharmos com o sentido simbólico dos Sacramentos: Eles, como dons gratuitos de Deus não possuem apenas aspectos funcionais e pragmáticos, como eram e ainda são entendidos por alguns cristãos hoje...(quando afirmava-se que só através da recepção dos sacramentos na Igreja se alcançava o céu !). Devemos crer que os Sacramentos são por si só, as mediações desse mesmo desejo divino de fazer com que todos, através da fé, participem da salvação e da experiência relacional e filial que Ele propôs em seus desígnios desde toda a eternidade. Aqui entra o dado importante do respeito á liberdade humana, que pode ou não acolher a proposta da gratuidade salvífica do Amor de Deus presente nesta mediação: sacramento - ( símbolo ) - vida.
Precisamos rever a dimensão relacional entre os sacramentos e os fatos da vida
Resgatada a dimensão do mistério como encontro dessas duas realidades divina e humana, precisamos tomar consciência de que os Sacramentos fundamentais constituem a expressão de que Deus se encontra no cerne mesmo do Sim - bólico, sobretudo nos entroncamentos da existência humana, porque toda ela está marcada pelo germe da ação divina.

Pois as formas sacramentais mais originárias da história da humanidade não estão ligadas a fenômenos especificamente espirituais e religiosos situados no âmbito do sobrenatural, mas encontram-se na densificação do ser biológico da pessoa, inserida na história e na aventura concreta das pessoas.
Pelo fato de estes entroncamentos serem experiências densas e reais da vida humana, eles formam também uma densificação do sacramental universal, tornando-se por isso mesmo, sacramentos elementares da humanidade.

E por causa de sua ligação íntima com a criação e a sucessão dos fatos cotidianos, eles apontam de maneira especial para Deus, que na perspectiva da Fé , é a fonte inspiradora do viver humano.

Evidenciando esse caráter de relacionalidade de Deus e co-responsabilidade do humano em construir uma existência mais digna e coerente com os princípios da Verdade e do Bem intrínsecos á nossa natureza, podemos vivenciar uma experiência sacramental que parta realmente do nosso ethos mais concreto, mais visível e autêntico, e não de uma mero conjunto de teorias que tentem explicar e fechar o sentido mesmo dos sacramentos, como dados de um arcabouço teológico e sistemático que lhe retira o que mais de essencial ele é: um Encontro, uma experiência verdadeira e inexplicável com o Deus da Bíblia, com o Deus de Jesus Cristo, o sacramento por excelência de Deus.

Precisamos atualizar o nosso modo de celebrar os sacramentos, como participação essencial na vida de Cristo.
Precisamos entender que receber os sacramentos cristãos significa para nossa existência a necessidade de entrarmos na história do próprio Jesus, e querermos tomar parte de modo explícito no significado de sua sorte em favor da humanidade. É no fundo, aceitarmos fazer parte da história da salvação, como continuadores da vida e missão de Jesus. Significa experimentarmos Deus de forma cristológica e eclesial, deixando que se efetue em nós a graça do Dom de Deus, o mesmo mistério de Cristo, isto é, a realização da possibilidade última do homem, que é de tornar-se divino.

A partir desta compreensão, podemos celebrar e vivenciar os sacramentos cristãos com mais profundidade simbólica e nodal.
Portanto, o batismo, não significará apenas purificação, novo nascimento, como pode ser percebido a partir de seu símbolo natural (água). Mas, pela instituição positiva, ele significa participação no destino mesmo de Jesus, participação na sua morte e ressurreição, como afirma o apóstolo Paulo no texto de Rom. 6, 4. o batismo é portanto sacramento de Cristo.
A Ceia Sagrada que celebramos não significará apenas participação na vida da Divindade, mas agora ela significa Ceia do Senhor, onde comemos do seu corpo e bebemos do seu sangue. O matrimônio que celebramos não será mero rito de passagem social e cultural, mas simbolizará por si só a união de Cristo e a Igreja, seu corpo místico presente entre nós e em nós. Da mesma maneira com os outros sacramentos cristãos, através deles, somos convocados a continuar a dimensão intrinsecamente salvífica de nossa história pessoal, como outros cristos, ungidos por Deus para esta vida. Porque a salvação é uma realidade da qual estamos sempre imersos.

Nesse aspecto, os Sacramentos são a corporificação da Graça atuante e dos mistérios de Deus, daquilo para o qual eles apontam. Os sacramentos já são a graça que assim se estabelece e gratuitamente se apresenta, correspondendo á sua própria natureza como graça de Cristo, que era Deus em forma humana.

A graça está contida no sinal sacramental de tal modo que o sinal aponta sobre si mesmo, para a realidade nele contida. Daí que quando o sinal é executado naqueles que deles participam , os mistérios consumados em Jesus Cristo passam para o participante de modo salvífico, na ordem da economia da salvação.

Assim, nossa tarefa não é simplesmente aprender e repassar conteúdos; mas se deixar tocar pela sensibilidade e pela Ternura de Deus que já nos ofereceu a salvação.

Por conta disso, eu creio que o grande desafio para a catequese cristã na Igreja hoje é assumirmos que o “conteúdo da Fé” não é e nem pode ser um pacote de dados e informações a respeito da salvação das almas e da compreensão sobre Deus, que pegamos e explicamos na hora que se torna necessário: antes, percebemos a necessidade de a todo instante relacionarmos os valores e princípios vitais que estão presentes nestes mesmos elementos e confrontarmos com a nossa vivência histórica real e concreta.

Creio que podemos tomar desse gráfico uma síntese de todo o trabalho apresentado até agora. A necessidade de revermos nossa prática e vivência dos Sacramentos, respeitando a riqueza implícita dos mesmos em nossa existência humana, e presentes já anteriormente na existência de Deus:

Experiência mistérica de Deus?
(Salvífica- histórica – Sacramental) = Experiência mistérica Humana
(Salvífica – histórica – sacramental)

Palavra de Deus: Escrituras Sagradas?
(Criação de sentido – inspiração para a vida– Sacramental por excelência) = Palavra humana
(Acolhedora de sentido – instância legitimadora do compromisso relacional ético e religioso do indivíduo)

Sacramentos?
(como corporificação da graça, dos mistérios divinos) = Vida humana concreta
(receptora e lugar por excelência da vivencia sacramental e simbólica no mundo)

A eternidade e transcendência em Deus?
(o passado, o presente e futuro como elementos da história salvífica) = A temporalidade e a imanência do humano
(Como participante na verticalidade e horizontalidade desta mesma história)
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